Mais um Dia do Trabalho chegando e aqueles que terão o merecido descanso comemoram. Afinal, os trabalhadores e trabalhadoras que cumprem jornadas de carga horária encontram nos feriados um meio de descansar, e muitos deles, até de encaixar tempo para a família ou até mesmo cuidar da saúde.
Porém, a saúde dos trabalhadores/as merece atenção não apenas em datas de descanso, mas precisa receber cuidados diariamente para que o adoecimento físico e ou mental não aconteça.
O próprio Ministério da Saúde tem dados que nos chamam a atenção sobre a importância de um olhar com mais cuidado para os trabalhadores. Entre eles, é que quase 3 milhões de casos de doenças ocupacionais foram atendidos pelo Sistema Único de Saúde nos últimos 15 anos.
Mais da metade dessas notificações foram classificadas como acidentes graves de trabalho, sendo 26,8% geradas pela exposição a material biológico; 12,2%, acidente com animais peçonhentos; e 3,7% por LER (Lesões por Esforços Repetitivos) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.
Mesmo aqueles que não lidam com materiais biológicos ou animais venenosos precisam de cuidados, principalmente, os que atuam nas ruas prestando serviços essenciais para a sociedade como funcionários da coleta urbana, carteiros, agentes comunitários de saúde, ambulantes, entregadores, entre outros. O uso de protetor solar e roupas adequadas para essas tarefas os protegem contra o excesso de calor e também do frio, quando há mudança brusca de temperatura, além dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) que cada profissão exige.
E mesmo os que atuam dentro dos escritórios estão suscetíveis a doenças de trabalho. Além das lesões por esforços repetitivos, muito comuns em quem passa horas e horas na frente de computador, os problemas de ordem mental também são graves, e podem afetar não só o desempenho, mas a vida familiar e pessoal do indivíduo. Muitas vezes, o sentimento de não ser capaz de cumprir as demandas pode surgir, mesmo as causas sendo externas como relações de abuso, excesso de trabalho, falta de governança e clima organizacional dentro das corporações.
Muitos trabalhadores sofrem em silêncio, seja pelos sintomas físicos, seja pelos mentais, devido ao receio de perderem o emprego, tão necessário para o sustento próprio e da família. Muitas empresas buscam titulações de referência, metas de lucro cada vez mais audaciosas, mas esquecem de olhar para o principal ativo que são as pessoas que se dedicam ali, em seu nome diariamente, sem pensar na reputação que isso irá gerar posteriormente.
Com a pandemia, tivemos um avanço com a implementação de programas internos, alguns deles com oferta de terapia e até apoio psicológico em casos de luto. Essa ação abriu portas para que os trabalhadores pudessem melhorar aspectos psicológicos, não apenas promovendo maior bem-estar no ambiente corporativo, mas também em casa. Afinal, quando se está com problema familiar, manter o desempenho no trabalho é mais difícil, assim como a situação ao contrário. Ter um espaço de conversa segura e orientações que promovam a qualidade de vida individual, melhora a saúde da empresa como um todo.
Atividades laborais e o incentivo à prática de atividades físicas também são importantes para trabalhadores externos que demandam mais esforço físico e para os que ficam sentados o dia todo. Preservar e fortalecer a musculatura melhora o funcionamento da mente, proporcionando novas ideias, além da redução considerável de diversas doenças, principalmente, as crônicas.
Desejo que seu Dia do Trabalho seja leve, não importa se terá um tempo de descanso ou exercendo seu trabalho. Mas não deixe de cuidar da saúde, que é seu bem mais precioso.
Fabiano Gonçalves Guimarães é presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
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