A baixa adesão à vacinação contra a dengue no Grande ABC inquieta. Quase um ano após o início da campanha, apenas 32,9% dos jovens entre 10 e 14 anos compareceram para receber a primeira dose, e somente 11,1% retornaram para completar o esquema de proteção. Os números estão longe da meta de 90% e indicam que a população ainda trata com descaso problema que já causou três mortes e mais de 5.000 casos em 2025 nas sete cidades. O aumento acelerado das notificações e a resistência em buscar a imunização tornam o cenário ainda mais preocupante, especialmente diante da vulnerabilidade do grupo etário alvo da campanha, que concentra maior risco de complicações pela doença.

O comportamento displicente em relação à dengue contrasta com os esforços das prefeituras, que vêm promovendo mutirões e abrindo unidades de saúde aos fins de semana para facilitar o acesso à vacina. Mesmo assim, o retorno da população tem sido tímido. O desprezo por medidas preventivas, como o controle de criadouros do mosquito transmissor, o Aedes aegypti, e a própria vacinação, revela descuido perigoso. É preciso lembrar que o imunizante utilizado no Sistema Único de Saúde é o mesmo aplicado em redes privadas ao redor do mundo, com eficácia reconhecida e aprovado por estudos científicos. O crescimento nos casos deveria servir como alerta, mas o que se vê é uma irresponsabilidade.

Diante deste cenário terrível, é urgente que a comunidade reveja sua postura diante da doença que já cobriu de luto e de temor inúmeras famílias do Grande ABC neste início de ano. Combater a dengue exige ações públicas, mas também responsabilidade individual. Pais e responsáveis devem se engajar, levando seus filhos para se vacinarem. A propagação de informações falsas e o desinteresse pela imunização têm colocado em risco conquistas sanitárias históricas. Para frear o avanço da dengue na região, é necessário um esforço conjunto que una informação correta, mobilização popular e compromisso com a saúde coletiva. Não se pode flertar com o perigo – inclusive o do obscurantismo.