Votação do novo pontífice começa dia 7 de maio e termina somente quando dois terços dos 133 cardeais tiverem a mesma decisão
Após o sepultamento do Papa Francisco, o Vaticano tem um prazo de 15 a 20 dias para iniciar o conclave, reunião que define, por votação, quem será o novo líder da Igreja Católica. A data exata foi definida para o dia 7 de maio, conforme anunciado na última segunda-feira (28). A escolha será feita por 133 cardeais de diversos países, que seguem o critério de ter até 80 anos e podem votar e ser votados. Para ser eleito é preciso receber dois terços do votos. Dentre os cardeais, sete são do Brasil, o que gerou uma expectativa de um papa brasileiro . Porém, de acordo com os religiosos do Grande ABC consultados pelo Diário, essa possibilidade não é nada provável.
O padre são-bernardense João Aroldo Campanha, que atua na Paróquia de Santa Teresinha, em Santo André, não acredita que vamos ter um papa brasileiro, mas diz que tudo pode acontecer. “Nunca sabemos quem será o novo papa, alguns foram altamente cotados, como Bento XVI, e não surpreenderam ao ganhar. Já o João XXIII e o João Paulo II não se esperava. Na votação do Bento XVI o Francisco já tinha sido bastante votado e depois não surpreendeu ele ganhar”, lembra.
O analista de Vaticano e jornalista de Santo André, Filipe Domingues, também não aposta em um nome brasileiro. “Entre os brasileiros não têm nenhum com visibilidade internacional, eles são líderes locais, e depois de 12 anos de um papa latino-americano, com uma marca muito forte, acho difícil que coloquem outro”, justifica.
Domingues explica que os cardeais não se reúnem com frequência e muitos estarão se vendo pela primeira no conclave. Dessa forma, há uma imprevisibilidade sobre como eles vão reagir. “Pode ser que eles formem grupos ou pode haver uma pulverização de votos. Uma possibilidade é que acabem olhando para os mais conhecidos, que têm mais visibilidade.”
Neste caso, alguns dos nomes mais cotados, segundo o especialista em Vaticano, são o filipino Luis Antonio Tagle, o italiano Pietro Parolin, o norte-americano Wilton Daniel Gregory e o francês Jean-Marc Noël Aveline. “O Pietro Parolin é o líder da diplomacia no Vaticano, na mesma linha do Francisco, mas com uma personalidade completamente diferente. Outra opção seria o Tagle, que hoje coordena toda ação da Igreja para as áreas de missão e é muito carismático. É um nome forte e poderia ser o primeiro asiático. O Gregory é muito conhecido e segue a linha do Francisco, e até mais do que ele na questão da simplicidade e proximidade. Muito conhecido na Europa, temos também o Aveline, que é muito do diálogo, mas um pouco mais contido na personalidade”, avalia.
O padre Marcos Vinicius Wanderlei da Silva, que é coordenador do Departamento de Comunicação da Diocese de Santo André, diz que a possibilidade de um papa brasileiro poderia até trazer felicidade para a população, entretanto, esta não é a característica mais relevantepara um pontífice. “Um papa brasileiro causaria uma certa comoção, afinal os cardeais brasileiros que podem ser votados são representantes do nosso povo, mas isso não é o mais importante. Mais do que representar um país, o que realmente conta é a expressão da vontade de Deus”, ressalta.
CONCLAVE
No dia 7 de maio, as votações irão começar, mas, dificilmente, terminarão no mesmo dia. Os cardeais votam quatro vezes no dia, duas de manhã e duas à tarde, todos os dias, até que seja possível atingir a maioria de dois terços dos votos. “Cada um escreve, em silêncio, o nome de quem acredita ser chamado por Deus para ser o novo papa. Depois, as cédulas são colocadas na urna e contadas. Se não houver essa maioria, as cédulas são queimadas com uma substância que faz fumaça preta sair da chaminé da Capela Sistina, avisando que ainda não tem papa. Quando aparece o nome de quem foi eleito, as cédulas são queimadas com outra substância, e a fumaça fica branca”, explica o padre Marcos. “Enquanto isso, na Praça de São Pedro, o povo já está animado com a fumaça branca e os sinos tocando, e o cardeal protodiácono aparece na sacada e anuncia: ‘Habemus Papam’ (Temos um papa)”, completa.
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