Quem foi para a Câmara de São Bernardo, na manhã desta quarta-feira (30), para acompanhar os trabalhos dos vereadores, tomou um chá de cadeira. Isso porque a base governista do prefeito Marcelo Lima (Podemos) suspendeu os trabalhos no Legislativo por uma hora e meia, alegando leitura de projeto de lei do Executivo, porém, dirigiu-se ao Hospital da Mulher, a fim de aparecer nas fotos na inauguração de uma nova ala.

A interrupção dos trabalhos no Parlamento ocorreu logo após a execução dos hinos nacional e municipal. Em praticamente 15 minutos de sessão, o líder de governo, Julinho Fuzari (Cidadania), foi a púlpito, para apresentar um requerimento de suspensão para que o presidente da Casa, Danilo Lima (Podemos), pudesse colocar em votação no plenário. A razão apresentada foi a leitura de um projeto de lei que o Paço enviou aos vereadores na mesma manhã.

“Presidente, tendo em vista que chegou um projeto do Executivo agora pela manhã, e não houve nem tempo hábil para publicação no boletim informativo, e é importante que todos os vereadores tomem conhecimento desse projeto e tenham tempo para leitura, gostaria que vossa excelência submetesse ao plenário a suspensão dos trabalhos por uma hora e trinta minutos”, disse Fuzari na tribuna.

Entretanto, após a paralisação da sessão, a sala de reuniões dos vereadores, local para se debater proposituras, estava completamente vazia. Totalmente diferente da cerimônia promovida por Marcelo Lima no Hospital da Mulher, que contava com pelo menos 19 parlamentares, nenhum deles lendo projeto algum, apenas acompanhando atentamente às falas do prefeito.

Marcado no mesmo horário dos trabalhos no plenário, Marcelo Lima agendou a inauguração de uma nova ala do Hospital da Mulher, que concentra cinco quartos, que vão receber 17 leitos, antes desativados e agora revitalizados pela atual gestão. Com o espaço, o equipamento passou a contar com 136 leitos. 

Enquanto acontecia a solenidade do governo na unidade hospitalar, circulavam pelo Legislativo poucos parlamentares, como Ana Nice, Ananias (ambos do PT), Lucas Ferreira (PL), João Viana (Cidadania) e até o governista Bispo João Batista (Republicanos). Somente por volta de uma hora e vinte minutos, Danilo Lima retornou à mesa, para solicitar a suspensão de mais 30 minutos.

Para quem permaneceu no plenário, o jeito foi esperar o retorno dos colegas, para apreciação da ordem do dia. “Eu acho que isso prejudica a autonomia da Casa e demonstra uma subserviência ao Executivo, até mesmo para quem é da base. E isso prejudica a tripartição de poderes”, afirmou João Viana.

Por sua vez, Danilo Lima minimizou a interrupção dos trabalhos. “(A paralisação) foi para leitura de um projeto (do Executivo), que terá aprovação unânime aqui, por oferecer bolsas de estudos para a Faculdade de Direito de São Bernardo, algo que nunca teve no município. É um projeto extenso, anunciado ontem à noite, e temos essa parada. Os vereadores que já tinham lido, acompanharam a inauguração dos novos leitos”, disse.