A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) registrou lucro líquido de R$ 335 milhões no primeiro trimestre de 2025 e, assim, reverteu o prejuízo de R$ 30 milhões ante igual período de 2024. O Ebitda ajustado alcançou R$ 430 milhões, alta de 195%, ainda na comparação aos três primeiros meses do ano passado.
Para o segundo trimestre, os efeitos financeiros positivos que impulsionaram os resultados da empresa, porém, devem ser diferentes. A companhia define ainda o sentimento atual sobre as incertezas globais como um "momento de cautela".
A diretora Financeira e de Relações com Investidores da CBA, Camila Abel, disse ao Broadcast que o resultado mostra, além de um bom desempenho operacional, combinação entre a alta de 19% no preço médio do alumínio na LME (London Metal Exchange), de US$ 2.627/t, aliado à apreciação do dólar médio das negociações, que ficou em R$ 5,85. A variação do dólar leva de um mês a um mês e meio para ter efeito nas mercadorias vendidas pela empresa, explica.
Assim, neste trimestre, foi sentido o efeito do dólar apreciado em relação ao real, o que aumentou a receita por dois motivos: uma conversão de moeda mais vantajosa, bem como um desincentivo a importações, o que aquece o mercado nacional. Dessa forma, a receita líquida do alumínio (que representa quase a totalidade do consolidado da CBA) atingiu R$ 2,3 bilhões no trimestre, um aumento de 38% em relação ao mesmo período do ano passado.
Se na receita líquida da CBA as movimentações do dólar costumam ter efeito um tempo depois, no endividamento o impacto é imediato. Assim, a queda da moeda americana desde o início do ano diminuiu a dívida da companhia, em mais um efeito positivo no trimestre. A dívida líquida saiu de R$ 3,913 bilhões no fim de 2024 para R$ 3,574 bilhões nos primeiros três meses de 2025. A alavancagem ficou em 2,15 vezes em março de 2025, frente a 2,84 vezes no quarto trimestre de 2024 e 7,89 vezes no primeiro trimestre daquele ano.
Para o segundo trimestre, portanto, a expectativa é de um movimento mais estável na dívida, visto as menores variações da moeda americana. Já na receita, a desvalorização do dólar vista anteriormente deve refletir de maneira negativa nos números de abril a junho.
De todo modo, o CEO da CBA, Luciano Alves, disse que a maior cautela está nas incertezas globais com possíveis efeitos da guerra tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "Nossas linhas de negócio ainda não foram impactadas. Mas existem incertezas ligadas ao rearranjo dos fluxos comerciais. Todas buscam entender para onde o alumínio vai circular com tarifas dos EUA sobre grandes exportadores do Canadá e do México, por exemplo", afirma.
Ele reforça ainda que a tarifa ao alumínio brasileiro por parte dos EUA não trouxe impacto relevante, já que apenas 3% das exportações da companhia eram direcionadas para lá. No entanto, enquanto o prêmio praticado sobre o preço do alumínio subiu no país americano, sob o entendimento de que a diminuição de importações diminui a disponibilidade do produto no território, na Europa, o prêmio caiu, visto que o que era destinado aos EUA deve aumentar a oferta em outros lugares do mundo, explica Alves.
Vendas
No primeiro trimestre de 2025, a CBA mostrou manutenção do volume de vendas em relação aos primeiros três meses de 2024, em 120 mil toneladas, sendo 61 mil toneladas de alumínio primário. Houve queda de 7% na comparação anual e trimestral decorrente da redução nas vendas de tarugos o que, segundo a companhia, é reflexo da sazonalidade natural do período, considerando que a demanda foi atípica no início de 2024 devido à retomada de produção com a estabilidade operacional desde o final de 2023. O recuo foi parcialmente compensado por um aumento nas vendas do lingote P1020.
No segmento de transformados, as vendas totalizaram 33 mil toneladas, um aumento de 3% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Já o segmento de reciclagem registrou 26 mil toneladas vendidas, aumento de 19% em comparação ao mesmo trimestre de 2024.
A companhia concentrou 94% dos volumes no mercado nacional, sem variação relevante na comparação com os demais períodos.
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