Iniciativa coleta e reforma doações, que, vendidas, ajudam crianças com câncer
Bonecas, pelúcias e videogames: muitas vezes, quando velhos e sujos, vão parar no lixo. Mas, em Santo André, cerca de 2.500 brinquedos por ano têm ganhado um novo destino, desde 2015, ao passarem pelas mãos da psicóloga Rosemari Alexandre. No projeto, os ‘companheiros de infância’ chegam por doação, têm os ‘dodóis’ reparados e ficam disponíveis para que novas crianças os escolham na lojinha da Casa Ronald McDonald, promovida pela AVCC (Associação dos Voluntários no Combate ao Câncer).
A história começou quando Rose estava trabalhando no estoque da casa que cuida de crianças e adolescentes com câncer. “Muitos pais em dificuldade para comprar um novo brinquedo recorrem ao bazar. Pensei que era um respeito às crianças receber um novo amigo, limpo e bem cuidado”, relembra a ‘doutora’, que viu na oportunidade uma maneira de cobrar de forma mais justa os itens (atualmente na faixa de R$ 15).
Com o tempo, a psicóloga percebeu que o que era deixado ali como lixo poderia ser recuperado. “Os brinquedos não têm defeitos, sempre reforço isso. Uma boneca, uma pelúcia, um videogame, nunca estão perdidos”, diagnostica a ‘médica’ dos brinquedos, que trocou o descanso da aposentadoria, após 18 anos em sua especialidade, para ser voluntária na causa.
Segundo ela, o principal problema “é que os pais não orientam as crianças a cuidarem desde cedo dos brinquedos” e, o que só precisava de uma limpeza com frequência, muitas vezes acaba sendo mandado embora. “E, pode ter certeza, o que uma família não quer mais, outra criança se encantará. O que move é esta satisfação”, pontua.
Ana Lucia Borelli, coordenadora do grupo de voluntários que cuida das vendas da lojinha com os brinquedos restaurados, destaca que o fim de ano marca o principal volume de doações no hospital. “Em contrapartida, em outubro (mês das crianças) é quando os brinquedos mais são revendidos. Agora, entre 6 e 9 de maio, para comemorar o Dia das Mães, a gente já está separando o que há de melhor para a realização de um bazar: Barbies seminovas, bonecas Baby Alive, super-heróis e eletrônicos especiais com preços ótimos”, comenta.
Brinquedos antigos e considerados raridades para coleção também são achados frequentemente nas prateleiras da lojinha. O caso mais inusitado, de acordo com Ana Lucia, foi uma boneca Amiguinha, da Estrela, fabricada em 1960 e que é da altura de muitas crianças. “Lembro que uma mãe presenteou seu filho autista com ela, assim ele teria companhia para dormir. Outro pai também aproveitou para trazer as filhas para conhecer o espaço e a realidade de outras crianças durante a doação”, conta.
A variedade de brinquedos oferecida pelo espaço foi elogiada por Luan Cesar Silva, 9 anos, que é atendido pela Casa Ronald McDonald durante o tratamento de um câncer no testículo. “Todo dia tem um brinquedo novo. Lá, também tem novidades em roupas e sapatos. E o melhor é que esse dinheiro vai voltar para ajudar a mim e a outras crianças”, reflete.
O convite para que outros pequenos deixem brinquedos que já não interessam ou que comprem no local um novo também foi feito por Maria Nataly de Souza, 10.Com o objetivo de ser médica oncologista, para tratar o câncer de outras crianças como ela – que tem retinoblastoma, espécie de câncer no olho –, a garota gosta de ir à lojinha todos os meses. “Os outros também vão adorar e não só por ajudar a gente”, afirma.
O hospital de brinquedos opera todos os dias, das 9h às 16h, na Avenida Príncipe de Gales, 821 – Vila Príncipe de Gales, em Santo André.
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