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Dólar avança e fecha perto de R$ 5,75 com tom cauteloso do Fed

Com máxima a R$ 5,7635, o dólar à vista terminou o dia em alta de 0,61%, a R$ 5,7454

07/05/2025 | 17:48
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FOTO: Valter Campanato/Agência Brasil


O dólar acentuou o ritmo de alta ao longo da tarde no mercado local em sintonia com o fortalecimento da moeda norte-americana no exterior, após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, adotar um tom cauteloso em torno da condução da política monetária, evitando dar sinais sobre eventuais cortes de juros.

Com máxima a R$ 5,7635, o dólar à vista terminou o dia em alta de 0,61%, a R$ 5,7454. Foi o terceiro pregão consecutivo de avanço da divisa, que fechou no maior nível desde 17 de abril (R$ 5,8037) e passou a acumular valorização de 1,21% nos quatro primeiros pregões de maio. A perdas da moeda no ano, que já superaram 8%, agora são de 7,04%.

Como esperado, o Fed manteve a taxa de juros no intervalo entre 4,25% e 4,50%, reconhecendo que os riscos de avanço do desemprego e da inflação aumentaram em razão do tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump. Ativos aqui e lá fora mostraram reação modesta ao tom do comunicado.

O jogo mudou a partir das 15h30 com as declarações de Powell em entrevista coletiva. O presidente do BC dos EUA disse que a política monetária está bem posicionada, embora haja aumento da tensão para cumprimento de seu duplo mandato: a inflação na meta e o máximo emprego.

Powell ressaltou que o Fed não está em situação de promover um corte preventivo dos juros, dado que as tarifas devem resultar em repique inflacionário. "Não posso dizer com confiança que sei qual é o caminho apropriado para a taxa, mas nossa política não é altamente restritiva; é modestamente restritiva", afirmou o presidente do Fed.

O economista André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, argumenta que Powell precisava adotar um tom duro como resposta às pressões de Trump para corte de juros. "O Fed enviou um sinal claro de que não terá pressa em iniciar um eventual ciclo de corte de juros, porque a economia continua forte e os riscos inflacionários são grandes", afirma Galhardo, ressaltando que a postura do Fed acabou por fortalecer o dólar. "Com o Fed considerando a política monetária apenas levemente restritiva, um eventual ciclo de cortes de juros a partir de junho deve ser bem gradual e não duradouro."

Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY, que já vinha em alta desde o início do dia, renovou máxima à tarde, acima dos 99,900 pontos. A moeda norte-americana subiu em relação à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com dois pares do real - os pesos mexicano e colombiano - como umas das exceções.

"O Fed mergulhou em uma situação quase impossível, na qual seus dois mandatos provavelmente seguirão direções opostas. Cortes de juros serão necessários, mas, cada vez mais, parece que o Fed terá que esperar até o final do terceiro trimestre para que se abra uma janela de oportunidade", afirma, em nota, a estrategista-chefe global da Principal Asset Management, Seema Shah.

Mais cedo, o dólar já vinha em alta tanto lá fora quanto no mercado local. Além da cautela pré-Fed, parecia haver um ajuste favorável a ativos americanos, com pausa na rotação de carteiras em direção a moedas fortes e mercados emergentes diante de sinais de início de negociação tarifária entre China e EUA.

No início da tarde, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que as negociações comerciais com a China, que devem ocorrer na Suíça, começam neste sábado. Do lado chinês, estará o vice-primeiro-ministro chinês e czar econômico de Xi Jinping, He Lifeng. Na terça à noite, o Banco do Povo da China (PBoC, o BC do país) anuncio medidas de estímulo monetário que foram vistas como insuficientes para contrabalançar os efeitos sobre a atividade provocados pela guerra comercial.

Por aqui, as expectativas são de que o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncie nesta quarta-feira à noite uma alta da taxa de juros, com apostas mais inclinadas para um aumento de 0,50 ponto porcentual, mas não se comprometa com o fim do ciclo de aperto, dadas as incertezas externas e as expectativas de inflação elevadas.




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