Famílias sem o pai são 6 vezes mais comuns do que as formadas só pelo genitor, diz IBGE
Na casa de Augusto Moussa, 10 anos, e Umberto Mamadouba, 12 anos, quem cuida sozinha das crianças é Daniela Stefano, 49. Trabalhando em dois empregos, estudando e lidando com as tarefas de casa, a são-bernardense é uma das 10 milhões de mamães solo brasileiras – ou seja, criam e educam seus filhos sem a ajuda de um companheiro, de acordo com o Censo Demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2022.
Hoje, elas são maioria quando a questão é cuidar sozinhas dos filhos. A ponto que este número, ainda segundo o instituto, é seis vezes maior do que o de um pai na mesma situação. “Ainda hoje é difícil. São poucas as pessoas que você pede algum conselho ou ajuda como mãe solo e que não tenha um julgamento, por exemplo”, comenta Daniela, que juntamente com outras mulheres relataram ao Diarinho dificuldades em dar conta da responsabilidade juntamente com o trabalho, as contas e o sono. Por outro lado, a mesma rotina de dedicação – ou jornada – dupla tem aumentado o cuidado e gratidão das crianças, de acordo com os depoimentos colhidos pela reportagem.
Augusto, mesmo, se acostumou a ficar com a avó ou com uma amiga da mamãe quando era a vez de ela trabalhar. Com dois empregos para conseguir pagar todas as despesas desde quando ele tinha 3 anos e Umberto, 5, na época em que se separou, Daniela brincava com a dupla no almoço. “Saía correndo da Barra Funda (a uma hora de casa) e ainda preparava para a gente almoço e outra marmita”, conta ela, interrompida pelo elogio do pequeno: “Você sempre foi cuidadosa e divertida, mamãe”.
Segundo o garoto, eles dois são parecidos na força. “É por isso que, além do Dia das Mães, dou presente para ela toda semana depois da minha aula de arteterapia. Acho que o meu melhor presente foi um coração de papel para ela abrir toda vez que sentisse saudade de mim quando viajasse a trabalho”, disse Augusto, sobre o item que Daniela revelou “servir de apoio” até “no momento mais difícil, quando sente que tem que tomar todas decisões sempre sozinha”.
Esta necessidade fez com que Cibelli Leão, 42 anos, de Ribeirão Pires, mãe de Marina, 15, e Carolina, 9, ficasse mais alerta até a noite. “A gente se adapta a perder o sono desde quando são os filhosbebês. E, para piorar, de dia eu ainda me esforçava para sempre fazer horas extras e bicos (trabalhos extras). Isso fez com que ainda hoje eu tenha uma sensação de felicidade quando vejo as gavetas da cozinha cheias de comida ou possa levar a mais nova para o trabalho também”, conta.
A dedicação da mãe inspirou as irmãs a também aprenderem tarefas domésticas para ajudar no dia a dia. “Minha brincadeira favorita é desenhar e também cuidar da Hebe e da Amora (gatas da família). Sou eu quem dou comida. Minha irmã estuda bastante e ajuda na limpeza, como forma de mimar a mamãe. Aprendi tudo que sei com ela e acho bonito como a gente pensa igual: o que eu penso em falar, a mamãe fala junto muitas vezes”, diz, entre risadas, Carolina. A irmã, Marina, reforçou também que, quando crescer, “quer ser alguém que já passou por muitas coisas e não desistiu”.
Maiara, 15, Larissa, 11, e Pedro, 5. “A única coisa boa que eu falo que tenho na vida hoje são meus filhos. Ao mesmo tempo em que a gente passa por tudo isso, é a melhor coisa chegar em casa depois de um daqueles dias difíceis e ser abraçada por eles”, desabafa.
A dedicação é, segundo Larissa, a coisa mais bonita da mãe entre todas as pessoas que moram na casa – que também abriga os avôs, os gatos Johnny e Jackson e um primo. “Quando eu crescer, é assim que quero ser: esforçada. As mães são as mais importantes porque cuidam da gente, apesar de tudo. Para cuidar delas, acho que o que toda criança precisa para começar é respeitar e dar carinho”, finaliza.
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