Falta de locais adequados e de conservação marcam os espaços públicos que documentam a memória das cidades do Grande ABC
Neste Dia Internacional dos Museus, a apuração do Diário revela a situação dos equipamentos que, com acervos, apresentam a identidade e história do Grande ABC. De acordo com levantamento, apenas São Caetano, Diadema e Ribeirão Pires contam com o devido funcionamento em todos seus museus.
Principal atrativo histórico de Santo André, o acervo de 70 mil obras do Museu Dr. Octaviano Armando Gaiarsa (que inclui até mesmo registros de quando São Bernardo abrangia todo território do atual Grande ABC) está fechado desde 2023. A previsão para reabertura é abril de 2026.
Conforme apurado, durante a interdição, o público tem sido orientado a conferir parcialmente (em uma contemplação de 6%) os 4.500 itens do espaço digitalizados e disponíveis no site da Prefeitura. A curiosidade também tem sido direcionada aos equipamentos na vila de Paranapiacaba: Museu Castelo, Casa Fox, Forjaria, Museu Tecnológico Ferroviário Funicular e CDARQ (Centro de Documentação de Arquitetura e Urbanismo).
Já em Mauá, o prédio do Museu Barão de Mauá, que é tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), aguarda aval do órgão para restauro, previsto para agosto. O último reparo no imóvel, de mais de 300 anos, aconteceu apenas na sua inauguração como museu, em 1982. Como consequência, infiltrações assolam as paredes que descamam e calções de madeira escoram estruturas em risco de queda.
O Diário também teve ciência dos furtos frequentes no local. Segundo relatos colhidos pela reportagem, uma geladeira, peças de cobre e até parte do acervo inédito de cerâmica do local já foram alvo de ações criminosas. Atualmente, o museu não possui equipe de segurança.
Em São Bernardo, o maior espaço de exposição permanente é uma pinacoteca. Segundo o museólogo João Pedro Rodrigues da Conceição, o equipamento se distancia de um museu em nomenclatura por estar focado em acervo de artes – o que inclui também não apenas o armazenamento, mas a confecção de novas obras. “Apesar da terminologia, tudo que é memorial, centro histórico ou pinacoteca, por exemplo, consideramos uma vertente. Mas é importante frisar que a maior parte dos museus são realmente coisas simples e que muitas vezes estão além da ligação com as próprias prefeituras. Na região, destaco a preservação de memória de locais como a Casa do Hip-Hop (Diadema), Estádio 1º de Maio (São Bernardo) e UFABC (Universidade Federal do ABC, com campus em Santo André)”, destaca.
Segundo o especialista, os museus, apesar de suas importâncias “para a representação da identidade de um povo”, ainda são tidos como “invisíveis”. “As pessoas sempre ficarão revoltadas se pegarem fogo ou fecharem. Mas tendem a ir uma vez para nunca, quando poderiam voltar a incluí-los como lazer. Apesar disso, vejo que o trabalho da museologia regional ainda deve se manter ativo, apesar de ser silencioso”, finaliza.
Na arte abaixo, é possível observar os museus em devido funcionamento por São Caetano (que também conta com pinacoteca), Diadema (que inclui um Centro de Memória) e Ribeirão Pires (com um Centro de Documentação Histórica e outra pinacoteca).
A Prefeitura de Rio Grande da Serra confirmou o andamento de estudos e projeto para a criação do Museu Histórico Nacional. Segundo a administração, no local também será operada uma Casa de Preservação da Memória.
O anúncio acontece após publicação, em maio, da coluna Memória, do Diário (de autoria do memorialista Ademir Medici), que detalhou a falta de conservação no menor município da região – intitulada ‘A cidade não tem museu. Não tem arquivo oficial. Tem história. Não tem memória. Mas tem potencial’.
Segundo a gestão, o provável local de instalação será o Galpão da Estação Ferroviária. O patrimônio de arquitetura inglesa, no Centro e tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), foi inaugurado em 1867. Apesar da boa notícia, não há, contudo, previsão para abertura do espaço.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.