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Câncer do colo do útero: revolução diagnóstica
Antonio Carlos do Nascimento
19/05/2025 | 10:27
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O câncer do colo do útero (CCU) é o quarto tipo mais comum de neoplasia maligna em mulheres e diferentemente de outros cânceres possui causa bem conhecida, a infecção pelo papilomavírus humano (HPV). 

É estimado que 80% das pessoas serão infectadas pelo HPV em algum momento de suas vidas, porém, na maioria das vezes o vírus é eliminado pelo sistema imunológico.

Na eventualidade deste agente infeccioso resistir e persistir, provocará alterações celulares que através dos anos podem progredir para câncer na mucosa que infecte, seja em vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe, boca, ou, colo do útero, este último correspondendo a 93% dos cânceres causados pelo HPV.

A vacinação e o uso de preservativos são condutas protetivas para o CCU, mas ainda que adotadas, não dispensam a investigação preventiva periódica. 

O exame de Papanicolau, também conhecido como avaliação citológica cervical, é produzido a partir da coleta de raspado de material do colo uterino e posterior avaliação laboratorial para detecção precoce de malignidade, valiosa metodologia, contudo, com alto índice de equívocos diagnósticos. O desconforto do procedimento, preconceitos e outras variáveis, fazem com que boa parte do público-alvo para esta investigação, mulheres entre 25 e 64 anos, não cumpram este ritual do calendário preventivo.

O surgimento do teste de DNA-HPV tem causado uma revolução no diagnóstico deste câncer. De um lado pela simplicidade de sua coleta, que pode ser realizada pela própria paciente, de outro, a extrema sensibilidade na detecção da infecção pelo HPV, reconhecendo a presença deste vírus antes mesmo que provoque lesão pré-maligna.

As boas notícias não param por aí, tendo em conta que em março de 2024 este exame foi aprovado pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) e a partir de março deste ano, o Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero terá seis meses para incorporá-lo como método principal de rastreamento, em substituição ao Papanicolau.

Entre outras, esta é mais uma ação que posiciona o SUS como o maior e mais bem estruturado modelo de saúde pública do mundo, mesmo subfinanciado!

Antonio Carlos do Nascimento é doutor em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP e membro da Sociedade de Endocrinologia e Metabologia.




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